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Longe de provocarem efeito moral, essas granadas podem causar ferimentos e danos permanentes à saúde da vítima. Apesar de classificadas como “menos letais”, essas bombas fazem parte do grupo de explosivos de estilhaço.

As bombas de efeito moral são as armas de baixa letalidade do grupo de explosivos de estilhaço, que incluem armamentos muito perigosos como a bomba cluster. Descritas como “armamento de distração”, essas granadas são produzidas por um plástico que, ao explodir, se desintegra em estilhaços, emite um som muito alto e gera uma nuvem espessa.

Por esta razão, sua explosão provoca pânico e desorientação entre as vítimas. Na descrição do fabricante, “foram projetadas para serem utilizadas em operações de controle de graves distúrbios e no combate à criminalidade, quando os infratores da lei encontram-se protegidos por barricadas ou colchões”.

Apesar de seus estilhaços serem compostos por plástico e não metal, como nas granadas comuns, as bombas de efeito moral podem provocar ferimentos graves e até a morte dependendo da parte do corpo atingida.  Além disso, está comprovado que o som emitido durante a explosão pode prejudicar, permanentemente, a audição da vítima.

“Fui atingida por uma granada de efeito moral durante a marcha do Dia Internacional da Mulher. Fui gravemente ferida nas pernas, a direita ficou muito queimada desde o tornozelo até o joelho e a esquerda, com ferimentos profundos: um no meio da canela onde se via o osso e outro perto do joelho de onde saiam pedaços internos. Fiquei internada durante 12 dias e afastada por um mês. Durante um bom tempo, me vinham as imagens da polícia, da fumaça da bomba e das minhas pernas feridas. A Marcha estava muito grande, umas 15000 pessoas (…) a cidade praticamente parou por causa, e a polícia do Serra aproveitou para mais uma vez criminalizar o movimento social. (…) A marcha continha muitas pessoas que não tinham condições de se proteger como mulheres portadoras de diversas necessidades especiais, idosas e crianças. Foi muita correria, com mais ou menos 25 pessoas feridas, sendo o meu caso o mais grave”. Márcia Balades, marcha das mulheres, 2007